Em 1996 aconteceu em Atibaia a primeira tentativa de fomentar a linguagem das histórias em quadrinhos no município. Em junho daquele ano ocorreu a Exposição Itinerante História da História em Quadrinhos, organizada por Álvaro de Moya, através da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e da Prefeitura de Atibaia. Saiba mais aqui. Na programação, exposição, oficinas e filmes temáticos comentados. O próprio Álvaro de Moya esteve presente, realizando a palestra de abertura da exposição. Na ocasião foi disponibilizado um espaço da Biblioteca Unidade II, do Alvinópolis, para a criação da primeira Gibiteca do município, festejada com muita pompa, com todos os salamaleques políticos de praxe, mas que nunca saiu do papel após a mudança politica acorrida pouco tempo depois. Sem política cultural, infelizmente, essa será a sina de tudo que for produzido na cultura.
Cartaz e programa de 1996 |
QUADRINHOS BRAGANTINOS
No início dos anos 90, quando saí da capital para vir morar em Bragança Paulista, confesso que cheguei com aquela visão de que fora de São Paulo não havia vida cultural. Aos poucos a realidade foi me mostrando que não era bem assim...
Logo depois de minha mudança comecei a lecionar no saudoso curso de Arte da FESB e tomei contato com uma série de pessoas fantásticas, que desenvolviam as mais variadas e ousadas linguagens artísticas. Entre essas linguagens todas apareceu a turma dos quadrinhos. Quem me apresentou essa moçada foi o Charles Paixão, meu ex-aluno e atual amigo. E percebi que meu trabalho isolado de ilustrador na minha prancheta encontrava eco nos traços e gostos de gente dez, quinze ou vinte anos mais nova.
Foi aí que conheci o André, Alessandro, Roger, Guto, etc. Artistas que produziam um material menos colonizado culturalmente, sem querer ser o novo Frank Miller ou Neil Gaiman. E outros que apesar de não produzirem HQ tinham um trabalho que dialogava com essa linguagem, Betão e Mambera, por exemplo. E fiquei sabendo que havia um fanzine, O Lingüiça Bragantina (com trema ainda), em que toda essa moçada se juntava para mostrar seu trabalho e que contava com a raça do Charles e do Roger pra ser publicado.
Apesar de não ter periodicidade exata e ser publicado de maneira heróica, esse zine resume bem o trabalho de artistas gráficos da região que se dedicam não só aos quadrinhos como também à ilustração. E novos nomes surgem nessa área, parece que os ares da região bragantina estimulam o uso de um bloco de desenho e canetas nanquim. Bia Raposo, Luana, Amanda, Marina Tasca, Hélio, as irmãs Navarro, Alice, Guilherme de Atibaia... a lista é grande. Gente com gás novo e mente aberta, tudo que precisamos em qualquer área, ainda mais nos tempos atuais...
Evoé ao Lingüiça e artistas que o produzem!
Resistimos com traços e balões.
Hilton Mercadante, Merka é professor de arte e artista gráfico. Autor de “Crônicas da Pindahyba”, “Assim nasce um bicho-papão” e “Filhos da Mata”
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