Nada mais atual que revisitar o maior quadrinho de todos os tempos: MAUS, de Art Spiegelman. Está tudo lá: O preconceito, a maldade humana, a negação das minorias, a manipulação e a mentira como verdade. Lembra-te alguma coisa? A qualificação “o melhor quadrinho de todos os tempos” não é minha, e sim dos inúmeros críticos e conhecedores profundo da arte quadrinizada, reforçado com o Prêmio Pulitzer, de 1992. Com MAUS o quadrinho passa a ser, definitivamente, arte. Impossível percorrer suas páginas sem conter as lágrimas que escorrem furtivas pelo rosto. E não é só tristeza, por incrível que possa parecer, o autor arranca alguma situação irônica do maior e mais triste período histórico da humanidade: o holocausto. Seu trabalho é autobiográfico e percorre esse período através do depoimento de seu pai, que viveu na carne as agruras da guerra como prisioneiro do campo de concentração de Auschwitz. Na obra, os judeus são ratos (em alemão: maus), os nazistas gatos, os franceses sapos, os poloneses porcos, os americanos cachorros, e por aí vai, no melhor estilo dos animaizinhos representando gente, comum nos quadrinhos e nas animações. Mas não se iludam com o aparente uso de antropomorfismo para “amenizar” a obra. Até aí tem um forte apelo simbólico ao tratar os judeus como ratos, ao mesmo tempo em que questiona o ratinho Mickey Mouse, símbolo do consumismo americano. A associação do povo judeu aos ratos foi usada à exaustão pelos nazistas para desqualificar a raça e justificar o que aconteceria depois. Logo no inicio da obra o autor destaca uma frase de Adolf Hitler: “Os Judeus são indubitavelmente uma raça, mas eles não são humanos.” Tudo isso é assustadoramente atual, e nos mostra as semelhanças entre aquele período inicial e os dias de hoje, quando todos achavam que pequenos delitos jurídicos e intimidações por parte de quem detém o poder, não levariam a nada... E deu no que deu. MAUS, como todo clássico, é para ser lido e relido. Sua profundidade temática e até estética (tem muitas sutilezas nos desenhos), podem ser vistas pelo prisma psicológico (sua relação com pai), histórico, literário, etc. Daí sua dificuldade inicial em achar o seu lugar nas prateleiras das livrarias: Na sessão quadrinhos? História? Diversão? Ficção? MAUS é obra prima, e como tal, qualquer tentativa de enquadra-lo é dispensável.
domingo, 2 de dezembro de 2018
MAUS, de Art Spiegelman, o melhor quadrinho de todos os tempos.
Nada mais atual que revisitar o maior quadrinho de todos os tempos: MAUS, de Art Spiegelman. Está tudo lá: O preconceito, a maldade humana, a negação das minorias, a manipulação e a mentira como verdade. Lembra-te alguma coisa? A qualificação “o melhor quadrinho de todos os tempos” não é minha, e sim dos inúmeros críticos e conhecedores profundo da arte quadrinizada, reforçado com o Prêmio Pulitzer, de 1992. Com MAUS o quadrinho passa a ser, definitivamente, arte. Impossível percorrer suas páginas sem conter as lágrimas que escorrem furtivas pelo rosto. E não é só tristeza, por incrível que possa parecer, o autor arranca alguma situação irônica do maior e mais triste período histórico da humanidade: o holocausto. Seu trabalho é autobiográfico e percorre esse período através do depoimento de seu pai, que viveu na carne as agruras da guerra como prisioneiro do campo de concentração de Auschwitz. Na obra, os judeus são ratos (em alemão: maus), os nazistas gatos, os franceses sapos, os poloneses porcos, os americanos cachorros, e por aí vai, no melhor estilo dos animaizinhos representando gente, comum nos quadrinhos e nas animações. Mas não se iludam com o aparente uso de antropomorfismo para “amenizar” a obra. Até aí tem um forte apelo simbólico ao tratar os judeus como ratos, ao mesmo tempo em que questiona o ratinho Mickey Mouse, símbolo do consumismo americano. A associação do povo judeu aos ratos foi usada à exaustão pelos nazistas para desqualificar a raça e justificar o que aconteceria depois. Logo no inicio da obra o autor destaca uma frase de Adolf Hitler: “Os Judeus são indubitavelmente uma raça, mas eles não são humanos.” Tudo isso é assustadoramente atual, e nos mostra as semelhanças entre aquele período inicial e os dias de hoje, quando todos achavam que pequenos delitos jurídicos e intimidações por parte de quem detém o poder, não levariam a nada... E deu no que deu. MAUS, como todo clássico, é para ser lido e relido. Sua profundidade temática e até estética (tem muitas sutilezas nos desenhos), podem ser vistas pelo prisma psicológico (sua relação com pai), histórico, literário, etc. Daí sua dificuldade inicial em achar o seu lugar nas prateleiras das livrarias: Na sessão quadrinhos? História? Diversão? Ficção? MAUS é obra prima, e como tal, qualquer tentativa de enquadra-lo é dispensável.
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