terça-feira, 2 de outubro de 2012
Outras Histórias...
Como prometido, segue abaixo outras historinhas feitas pelas crianças do Centro Espírita Luz Divina, dentro do projeto Garatujas e Cambalhotas - Registro e Documentação da Arte na Infância, que aconteceu nos meses de março e abril de 2012. As crianças tem entre 8 e 11 anos e apresentam histórias que inventaram ou que adaptaram para os quadrinhos. Em breve serão postadas outros trabalhos, além das histórias feitas pelos alunos do Garatuja, integrantes desse mesmo projeto.
terça-feira, 10 de julho de 2012
Oficina de Quadrinhos no Luz Divina
Nos meses de março e abril aconteceu no Garatuja a Oficina de História em Quadrinhos do Projeto Garatujas e Cambalhotas - Registro e Documentação da Arte na Infância, habilitado como Ponto de Cultura pela Secretaria de Estado da Cultura de SP e Ministério da Cultura. Durante esse período conhecemos outro projeto bem bacana da cidade chamado Luz da Manhã, com sede no Centro Espírita Luz Divina. Esse projeto atende crianças e adolescentes de 6 a 15 anos de idade, com baixo poder aquisitivo e expostos a riscos sociais. Situado no Jardim Cerejeiras, próximo as áreas mais carentes da cidade, esse projeto procura oferecer melhor estrutura emocional aos garotos, através de atividades lúdicas, para que possam, talvez, mudar sua realidade. Depois que conhecemos melhor esse trabalho pedimos alteração de nosso plano de trabalho, reduzindo a carga horária disponibilizada em nossa sede para transferi-la para o Luz Divina. Assim, durante o mês de junho, duas vezes por semana fomos até lá e fizemos as oficinas de História em Quadrinhos para cerca de 20 crianças que demonstraram interesse nessa atividade. Parte do resultado está aí abaixo, onde mais uma vez as crianças expressam suas alegrias, angustias, sonhos e esperanças de um futuro melhor. Outras histórias serão postadas mais tarde. Para visualizar melhor, click na imagem.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Quadrinhos'51
Em 1951 cinco jovens desenhistas conseguiram reunir a arte-final original dos melhores artistas de quadrinhos que havia na época e organizaram em São Paulo uma exposição que ficou pra história. Tinha Alex Raymond, Milton Caniff, Al Capp e Will Eisner, entre outros. Essa mostra, com caráter didático, se chamou Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos. Provavelmente eles não tinham, naquele momento, noção da importância do que estavam realizando. Essa foi a primeira exposição de quadrinhos realizado no mundo - até então a linguagem era desconsiderada como arte - e ficou conhecida e reconhecida mundialmente por isso. São eles Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado. Para comemorar os 61 anos do evento e também para homenagear alguns dos mais importantes desenhistas de quadrinhos no Brasil foi realizada a exposição Quadrinhos'51, no Museu Belas Artes de São Paulo - MUBA, com a curadoria de Francisco Ucha. Eu pretendia levar os garotos do curso de quadrinhos do Garatuja para vê-la, mas infelizmente não foi possível. Ainda bem que eu consegui visitar, já nos últimos dias do evento. Sempre gostei de desenhar e sou do tempo em que não havia os recursos digitais para facilitar o processo. Talvez por isso me senti tão comovido em ver os originais de artistas que sempre tive como modelo, mas que só conhecia através das páginas dos gibis. Nessa exposição ficou claro a genialidade de Julio Shimamoto, Eugênio Colonnese, Rodolfo Zalla, Jayme Cortez e mesmo Álvaro de Moya, que embora não tenha uma produção extensa - como desenhista - expôs até desenhos realizados quando criança, onde já revelava claramente seu talento para os quadrinhos. Diferente do resultado asséptico gerado pela impressão digital, nos originais expostos, dava pra sentir o esforço de cada gesto aplicado ao desenho: a virtuosidade no bico de pena, a precisão nos pincéis, o domínio da cor, a exatidão na aplicação da retícula e a dificuldade em realizar o paste-up, com suas infalíveis correções com branquinho (quem é desse tempo sabe do que estou falando). São originais feitos por quem realmente sabia desenhar, feitos a unha, sem tapeação...por isso esses artistas são considerados mestres. Além dos originais, a exposição contou com gibis antigos e representativos de cada artista, e peças raras de colecionadores como as publicações O Tico-Tico, O Globo Juvenil, Biriba, etc, Teve ainda uma homenagem ao quadrinho italiano, na figura do editor Sergio Bonelli e o clássico Tex Willer, além de vários desenhos originais feitos por artistas consagrados com dedicatórias ao Álvaro de Moya. Um desses trabalhos me chamou a atenção. Trata-se de El Corazón Delator, do desenhista uruguaio, radicado argentino Alberto Breccia. História em quadrinhos adaptada de um conto de Edgar Allan Poe e finalizada em serigrafia. É um clássico. Senti grande prazer em ver esse trabalho de perto pela beleza plástica e total domínio do preto e branco...muito bom! Abaixo uma pequena mostra.
domingo, 11 de março de 2012
Moebius, um clássico.
Para quem gosta de quadrinhos com qualidade as opções ficaram menores desde ontem, com a morte de Jean Giraud. Mais conhecido como Moebius ou ainda Gir, pseudônimos que usava para nomear seus trabalhos. Com ele descobri que quadrinhos não é só entretenimento. Descobri que quadrinhos também pode ser arte, no mais elevado sentido que essa denominação carrega. Conheci seus desenhos na final da década de setenta, através das páginas da revista Havy Metal, época em que comecei a comprar e guardar gibis. Desde então, por duas ou três vezes, me desfiz da maioria das revistas, mas tempos depois voltava atrás e tentava comprar tudo novamente. Com as histórias de Moebius foi diferente, nunca me desfiz delas e guardo até hoje. Particularmente, como desenhista, considero seu traço, assim como o traço de Winsor McCay, Alex Raymond e do brasileiro J. Carlos os mais elegantes que as artes gráficas já produziram. Enxuto, preciso e absolutamente original. Moebius é desses artistas que criaram matrizes iconográficas, que por muitas gerações ainda serão modelo e referencia, como deve ser todo clássico. É dele Os Olhos do Gato, com roteiro de Jodorowsky, outro genial artista que também transitou pelo cinema, quadrinhos, literatura...assim como ele. A dupla fez ainda a saga de ficção científica Incal, que para muitos críticos é considerado o melhor quadrinhos de todos os tempos. Em Os Olhos do Gato (muito raro de se achar por aí), a narrativa cinematográfica é seu grande trunfo. Ora se vê um personagem de costas, ora a cidade em Plano Geral, corte para o homem de costas, corte para um beco em primeiro plano...o texto é mínimo. Cinema puro. Genial. Uma obra prima. Sem dúvida, os quadrinhos estão mais pobres desde ontem.
Moebius no acervo do Garatuja |
quarta-feira, 7 de março de 2012
Curiosidades: O efeito 3D nos gibis !
De tempos em tempos o efeito 3D ganha notoriedade. No cinema as últimas novidades foram os filmes Avatar de James Cameron e atualmente A Invenção de Hugo Cabret de Martin Scorsese, que utilizam a mais recente tecnologia para criar os efeitos tridimensionais. Mas isso não é novo. Em 1922 já foi exibido o primeiro filme com esse efeito - The Power of Love (O Poder do Amor), mas apesar da novidade foi somente na década de cinqüenta que o sistema ganhou popularidade, alcançando relativo sucesso em filmes, fotografias e até gibis. Sim gibis! No acervo do Garatuja tem alguns exemplares desse período como a Edição Extra do Álbum Gigante, publicado pela EBAL em 1954. Nesse álbum, com o título Gargalhadas 3D, a editora ironiza com as próprias publicações. O que era a série Quem Foi ? vira Tem Boi ?; a série O Idílio vira O Exílio, Aí Mocinho, Taí Velhinho, e por aí vai...Ou exemplar do acervo é Mindinho Edição Especial em 3D que traz historias também engraçadas com Os Três Patetas, grande sucesso da época e finalmente a Edição Extra de Possante, que diz na capa ser a primeira revista do mundo com histórias em quadrinhos com a terceira dimensão. Essa revista é de 1953, portanto com quase sessenta anos. Nesse período (década de cinqüenta) a televisão estava no auge de sua popularidade e quase conseguiu acabar com o público dos cinemas. Como forma de reverter o quadro os produtores dos estúdios decidiram criar algo para fazer o espectador voltar às salas de projeção. Assim ressurgia o 3D, que é uma representação gráfica em duas dimensões (altura e largura), que através de óculos especiais criam a ilusão da terceira dimensão – a profundidade. Esses óculos, com lentes na cor azul e vermelho (ou verde), transmitem uma imagem diferente para cada olho alterando o ângulo de cada um deles e fazendo com que o cérebro crie a ilusão de profundidade. Portanto o efeito 3D só funciona para quem enxerga com as duas vistas e tem um probleminha só: dá muita tontura e uma dor de cabeça danada se ficar longos períodos com os óculos. Na década de oitenta houve novo impulso ao efeito, surgindo novamente filmes e gibis, como Ms Tree 3D, de 1988 que temos no acervo. Se na sua origem o efeito tridimensional procurava reverter uma situação de quase estagnação das salas de exibição causada pelo crescimento da televisão, hoje o grande vilão do cinema é o computador. Resta saber se a estratégia vai dar certo mais uma vez. A contar das inúmeras tecnologias 3D desenvolvidas atualmente, tanto o cinema, como a televisão terão vida longa, e não precisa ser vidente para saber que logo a tecnologia 3D estará presente de forma mais cotidiana até no próprio computador, como já acontece com os jogos de videogames.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Oficina gratuita de História em Quadrinhos.
Estão abertas as inscrições para seleção de vagas excedentes na oficina de Histórias em Quadrinhos oferecida pelo Instituto Garatuja. Essa oficina é continuidade do trabalho desenvolvido em 2010 e 2011, com estudantes de escolas públicas dentro do projeto Garatujas e Cambalhotas – Registro e Documentação da Arte na Infância, premiado como Ponto de Cultura do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo em parceria com o programa Mais Cultura Ministério da Cultura. O Projeto realiza a sistematização do trabalho desenvolvido pelo Instituto desde seu inicio em 1983. Os participantes desse projeto já passaram por oficinas de técnicas mistas, marcenaria, fotografia, gravura. Para esse ano, além de HQ, está previsto animação, desenho animado e vídeo. As vagas oferecidas são para completar desistências ocorridas na virada do ano, priorizando jovens que realmente gostem de desenhar e que se dediquem ao curso. As oficinas são gratuitas e voltadas a estudantes de escolas públicas maiores de oito anos. O programa irá abordar roteiro, desenvolvimento de personagens e arte final. O Ponto de Cultura é uma iniciativa do Governo Federal e Secretaria de Estado da Cultura de SP e tem como objetivo potencializar iniciativas e projetos culturais desenvolvidos por comunidades, grupos, espaços e redes de colaboração, através de convênios estabelecidos com entes federativos através de edital público. Para participar os interessados deverão comparecer ao Garatuja e preencher a ficha de inscrição, portando comprovante de endereço, declaração da escola onde estuda, CPF e RG do responsável e desenhos realizados.
O Instituto Garatuja fica na Rua Esmeraldo Tarquínio,346 – Jardim Tapajós – Atibaia SP. Atendimento de segunda a sexta-feira, das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Fone 4412 9964
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Udigrudi 1
Balão e Boca
Nos finais dos anos setenta eu morava em São Paulo e uma de minhas manias era entrar em sebos e livrarias atrás de curiosidades. Coisas que me chamassem atenção e que pudesse comprar com meus parcos recursos. Na época não trabalhava, e a grana que meu pai me dava era somente para pagar os estudos. Economizava ao máximo e quando sobrava algum torrava no meu sonho de consumo: gibis. Próximo a Avenida Paulista havia uma pequena livraria na Avenida Consolação. Nela o dono montou um cantinho só com publicações independentes que incluíam além dos gibis, livros e objetos. Acho que tinha muita porcaria, mas no meio acabei comprando coisas muito legais e que hoje são raridades, como as revistas Balão e Boca. Balão foi à primeira revista underground de história em quadrinhos editada no Brasil. O termo virou udugrudi e depois dela muitas outras vieram. Essas duas revistas, e algumas outras publicações marginais do acervo do Garatuja, têm em comum sua origem nos meios estudantis e uma visível tensão política própria da época. Acho muito bacana, principalmente por que eram feitas por jovens, moçada mesmo, que buscavam seus espaços de expressão. Muitos deles estão no meio artístico até hoje como Paulo Caruso, Laerte, e Luis Gê do Balão e Flávio Del Carlo e Dagomir Marquezi do Boca. Alias gostava muito do trabalho deles. Tenho até hoje o livro Auika! de Dagomir Marquezi e me lembro das animações Paulicéia e Tzubra-Tzuma de Flávio Del Carlo que assisti muitas vezes, na época em que ajudava na projeção no Cineclube Inter-Ação de Atibaia, na década de oitenta. A revista Balão número 9, a única do acervo e a ultima a ser publicada, traz a história do Capitão Bandeira, com texto de Rafik e desenhos de Paulo Caruso, que mais tarde ganhou uma edição luxuosa da L&PM, em 1983, além das histórias Roupas de Laerte, A Biografia Autorizada de Hedibiombo do Beabá de Xalberto e a ótima Ano Santo – ano da mulher, de Luis Gê, que também foi republicada em Quadrinhos em Fúria, do mesmo autor pela Circo editorial em 1984. Na Boca, além dos colaboradores já citados, havia Lu Gomes, Laert Sarrhumor do Língua de Trapo e Nando Reis dos Titãs, que na época tinha 14 anos. Entre cartons, histórias em quadrinhos, textos e fotonovelas (O Grotão), o Boca trouxe ainda hqs de Angola, Cuba e uma entrevista com o cartunista argentino Fontanarrosa, falecido em 2007.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Tamanho e formato das HQs
Organizando a eterna bagunça, no canto dos gibis, notei a variedade de tamanhos existente entre eles, principalmente em relação às revistas mais antigas. Tem desde os chamados formatões, de 37 X 28 cm, até os minúsculos talão de cheque, de 8 X 16 cm. Se por um lado o computador (leia-se internet) trouxe pra dentro da nossa casa quase todas as imagens produzidas na banda desenhada, por outro, nos tirou um dos grandes prazeres que, imagino, seja de todo leitor: folhear um gibi. Não sei dizer se isso é coisa de gente velha ou se realmente é diferente. Ao abrir um gibizão e folhear suas páginas é como se o desenho ganhasse importância. Existe uma responsabilidade maior nesse ato que o torna diferente de vê-lo passando na tela do computador. Talvez essa “encanação” esteja ligada a minha área de atuação. Sou artista gráfico, artista plástico e há quase trinta anos trabalho com o ensino das artes com jovens e crianças, e considero quase obrigatório ter a materialidade do gibi como ferramenta de trabalho. Ao folhear um gibi encontro maior número de estímulos, inexistentes na fria tela de um computador: a textura do papel, o peso da revista, o cheiro, a visão total da diagramação e ...o tamanho. O formatão dá importância ao desenho. O formato comprido (tentativa da Ebal em inovar em algumas publicações da década de sessenta) é muito instigante e proporciona uma leitura eficiente, já o gizibinho "talão de cheque", assim como os "tijolinhos", são lúdicos, tem um encantamento quase infantil. É interessante notar como a relação de tamanho e formato era melhor explorado nas publicações antigas, talvez por ser uma linguagem ainda em processo...não sei. Entre o prazer de ter em mãos um gibi com “corpo e alma” e a imagem pasteurizada e asséptica do computador, fico com os dois. De um lado toda carga histórica presente em cada gibi que abro e folheio e de outro a possibilidade de conhecer, num click, quase toda história em quadrinhos produzidos no mundo. Imagino que em vinte anos tudo o que o homem produziu estará (ao menos citado) na internet. Gibi e computador: um complementa o outro...e na dúvida fico com os dois.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Vagabond
Há uns dez anos achei na banca de jornal perto de casa o mangá Vagabond, deTakehiro Inoue. De cara o que me chamou atenção foi o desenho primoroso. Comprei o primeiro número e muitos outros que vieram em seguida. Depois de certo tempo parei de ler “picado” a história do samurai Musashi e decidi esperar completar a coleção para ler tudo numa tacada só. O último mangá que havia comprado, e lido, era Mai – A Garota Sensitiva, finalizada em oito edições. Achei que com Vagabond seria algo parecido, mas já tinha mais de vinte revistas e nada da história terminar. Depois de certo tempo desisti da coleção e fiquei sem saber o final da história. Soube depois que a editora havia parado de publicar a revista e que todos os leitores ficaram em situação igual a minha. Mesmo sem saber se o texto é tão bom quanto o visual, valeu a pena compra-los. É uma aula de desenho. No mangá (história em quadrinhos feita no Japão) há vários estilos, assim como na história em quadrinhos ocidental. Vagabond é classificada como gekigá, termo usado para diferenciar as história infantis e estilizadas, das adultas e de grafismo naturalista. Tive a pachorra de pegar uma revista e contar quantos quadrinhos continha, depois multipliquei pelo número de revistas que compõe a saga e cheguei ao espantoso resultado de aproximadamente 22.500 quadrinhos. Além de Vagabond, que escreveu e desenhou, Takehiro ainda produziu Slam Dunk e Real, cuja temática é o basquete em cadeiras de roda. É uma produção pessoal espantosa que me lembra o trabalho de folego do americano Winsor Mccay.
Revistas do Garatuja |
Assinar:
Postagens (Atom)