Determinados artistas, por sua incrível capacidade criativa, extrapolam qualquer classificação dentro dos movimentos da arte. É o caso do pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, que viveu no século XVI. Seu trabalho é “estranho” até hoje. Quem nunca viu aquelas imagens de fisionomias humanas formadas por frutas, flores, legumes? Esse estranhamento fez com que Arcimbordo ficasse esquecido por muitos anos. Escher é outro. Esse artista holandês, que morreu em 1972, também criava imagens inusitadas gerando figuras com efeitos de ilusões de óptica. Escher utilizou de todos os recursos possíveis do plano bidimensional para criar efeitos de planos tridimensionais impossíveis de acontecer: um córrego em que a água caminha em circulo, com quedas e correntezas...mas só desce; um labirinto de escadas que se entrecruzam embaralhando a lógica da imagem, e outros. Nos quadrinhos o jogo visual existe desde sua origem. Pat Sullivan, já no começo do século XX, brincava com tiradas gráficas do Gato Félix. Pinduca, de Carl Anderson explorava as imagem, utilizando pouco texto para contar suas histórias e Little King, ou O Reizinho no Brasil, de Otto Soglow também sempre se reportou as gags visuais e a economia das palavras. Mas o trabalho realmente inusitado nos quadrinhos é de Gustave Verbeek. Ele é o criador da incrível façanha de publicar durante dois anos histórias em quadrinhos que podiam ser lidas normalmente, mas depois, virando-a de ponta cabeça lia-se outra história. Isso entre 1903 a 1905, nas páginas do New York Herald. A história tinha o nome de The Upside-Downs of Little Lady Loveking and Old Man Muffaroo, ou O Vira-vira da Lady Lovekins e O Velho Mufaru. De um lado Lady Lovekins, virando a folha, o Velho Mufaru. Para quem desenha é possível imaginar o trabalho de engenharia gráfica que isso exige. Em cada quadrinho, duas explicações lógicas, com desenhos convincentes tanto de uma forma, como de outra: um boneco carregando palha vira um burrinho comendo palha, um pássaro comendo peixe, vira num pescador próximo a ilha. São sacadas geniais de um artista que continua desconhecido por muita gente. Segue um vídeo que mostra o livro lançado nos Estados Unidos em 2009 com a obra de Gustave Verbeek. Na metade do livro aparece outra série feita por ele: The Terrors of Tiny Tads, ou Os terrores dos Tadinhos, onde crianças (tadinhos) estão as voltas com criaturas saídas do pesadelo. Outra genial tirada do artista.
Genial! Meu pai tinha uma edição com estas historinhas. Que saudades!
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