Márcio Zago
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Apresentação - O Baú do Garatuja
O Baú do Garatuja também poderia ser o nome desse blog. Os
alunos mais antigos certamente se lembrarão do velho baú repleto de gibis que
por longo tempo mantive no atelier. Para muitos jovens e crianças que passaram pelas
oficinas esse foi o objeto mais interessante do espaço. Embora adorado pelos
alunos, eu sentia certa resistência e desconfiança por parte de alguns pais.
Talvez vissem ali um desvio da proposta inicial, que era pagar uma mensalidade
para que seus filhos aprendessem a desenhar e pintar. Como nessa época eu vivia
exclusivamente das mensalidades, achei por bem "esconder" o tal baú,
guardando em outro local. Passei então a apresentar os gibis de maneira mais
seletiva, de acordo com a ocasião, mas nunca deixei de utilizá-los como importante
estímulo ao desenvolvimento e aprimoramento estético. Nesta época (anos
oitenta) eu tinha acabado de descobrir os quadrinhos americanos e europeus importados,
nada fáceis de encontrar. Atibaia era uma cidade pequena, provinciana, com
poucas bancas de jornal. Lembro-me que havia somente a Banca do Barqueta e da
Rodoviária. O material que chegava eram as publicações mais comerciais: Disney,
Maurício de Souza, Super-Homem, Batman, Pimentinha, Brotoeja, Luluzinha, etc.
Esse encontro com os quadrinhos artísticos foi casual, numa banca de jornal da
Avenida Paulista, de propriedade de João Zero (o nome me marcou). Foi lá que
conheci a revista Heavy Metal. Folhear essa revista foi como abrir uma
janela... Arrebatador! É bom lembrar que na época não havia a internet e para
conhecer uma revista nova, somente tendo-a em mãos. A Heavy Metal é uma revista
americana, que na época era vendida a preço de ouro (pelo menos para mim, que
vivia duro). Como patino no idioma, comprava com muito sacrifício e ficava
admirando os desenhos... E que desenhos! Enki Bilal, Phillippe Caza, e para mim
o melhor deles : Moebius. Depois dela fiquei muito mais exigente e passei a
comprar todos os gibis que me tocavam pelo visual, só depois lia as
histórias. A Heavy Metal foi bastante
arrojada para a época, com temática futurista, voltada a fantasia e a ficção
científica, com desenhos expressivos e tratamento gráfico impecável. Uma
surpresa para mim. Pela janela aberta pela Heavy Metal conheci os quadrinhos de
qualidade e com elas passei a encher meu baú. Mantenho muitas delas até hoje,
embora tenha me desfeito de verdadeiras preciosidades. Houve uma época em que
achei melhor passar meu acervo para os amigos "gibizeiros" imaginando
que fariam melhor proveito... Uma burrada. Com isso me desfiz das melhores
peças, mas não faz mal, algumas consegui de volta e outras procuro até hoje,
mas ainda sobrou muita coisa. Com o tempo a coleção aumentou e hoje tenho um
acervo bastante representativo do que de melhor se produziu aqui no Brasil e lá
fora. É com este material que pretendo alimentar esse blog, muito com a
intenção de despertar o interesse e a curiosidade nos alunos da nova geração e
quem sabe... Abrir janelas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário