domingo, 11 de março de 2012

Moebius, um clássico.

Para quem gosta de quadrinhos com qualidade as opções ficaram menores desde ontem, com a morte de Jean Giraud. Mais conhecido como Moebius ou ainda Gir, pseudônimos que usava para nomear seus trabalhos. Com ele descobri que quadrinhos não é só entretenimento. Descobri que quadrinhos também pode ser arte, no mais elevado sentido que essa denominação carrega. Conheci seus desenhos na final da década de setenta, através das páginas da revista Havy Metal, época em que comecei a comprar e guardar gibis. Desde então, por duas ou três vezes, me desfiz da maioria das revistas, mas tempos depois voltava atrás e tentava comprar tudo novamente. Com as histórias de Moebius foi diferente, nunca me desfiz delas e guardo até hoje. Particularmente, como desenhista, considero seu traço, assim como o traço de Winsor McCay, Alex Raymond e do brasileiro J. Carlos os mais elegantes que as artes gráficas já produziram. Enxuto, preciso e absolutamente original. Moebius é desses artistas que criaram matrizes iconográficas, que por muitas gerações ainda serão modelo e referencia, como deve ser todo clássico. É dele Os Olhos do Gato, com roteiro de Jodorowsky, outro genial artista que também transitou pelo cinema, quadrinhos, literatura...assim como ele. A dupla fez ainda a saga de ficção científica Incal, que para muitos críticos é considerado o melhor quadrinhos de todos os tempos. Em Os Olhos do Gato (muito raro de se achar por aí), a narrativa cinematográfica é seu grande trunfo. Ora se vê um personagem de costas, ora a cidade em Plano Geral, corte para o homem de costas, corte para um beco em primeiro plano...o texto é mínimo. Cinema puro. Genial. Uma obra prima. Sem dúvida, os quadrinhos estão mais pobres desde ontem.

Moebius no acervo do Garatuja

quarta-feira, 7 de março de 2012

Curiosidades: O efeito 3D nos gibis !

De tempos em tempos o efeito 3D ganha notoriedade. No cinema as últimas novidades foram os filmes Avatar de James Cameron e atualmente A Invenção de Hugo Cabret de Martin Scorsese, que utilizam a mais recente tecnologia para criar os efeitos tridimensionais. Mas isso não é novo. Em 1922 já foi exibido o primeiro filme com esse efeito - The Power of Love (O Poder do Amor), mas apesar da novidade foi somente na década de cinqüenta que o sistema ganhou popularidade, alcançando relativo sucesso em filmes, fotografias e até gibis. Sim gibis! No acervo do Garatuja tem alguns exemplares desse período como a Edição Extra do Álbum Gigante, publicado pela EBAL em 1954. Nesse álbum, com o título Gargalhadas 3D, a editora ironiza com as próprias publicações. O que era a série Quem Foi ? vira Tem Boi ?; a série O Idílio vira O ExílioAí Mocinho, Taí Velhinho, e por aí vai...Ou exemplar do acervo é Mindinho Edição Especial em 3D que traz historias também engraçadas com Os Três Patetas, grande sucesso da época e finalmente a Edição Extra de Possante, que diz na capa ser a primeira revista do mundo com histórias em quadrinhos com a terceira dimensão. Essa revista é de 1953, portanto com quase sessenta anos. Nesse período (década de cinqüenta) a televisão estava no auge de sua popularidade e quase conseguiu acabar com o público dos cinemas. Como forma de reverter o quadro os produtores dos estúdios decidiram criar algo para fazer o espectador voltar às salas de projeção. Assim ressurgia o 3D, que é uma representação gráfica em duas dimensões (altura e largura), que através de óculos especiais criam a ilusão da terceira dimensão – a profundidade. Esses óculos, com lentes na cor azul e vermelho (ou verde), transmitem uma imagem diferente para cada olho alterando o ângulo de cada um deles e fazendo com que o cérebro crie a ilusão de profundidade. Portanto o efeito 3D só funciona para quem enxerga com as duas vistas e tem um probleminha só: dá muita tontura e uma dor de cabeça danada se ficar longos períodos com os óculos. Na década de oitenta houve novo impulso ao efeito, surgindo novamente filmes e gibis, como Ms Tree 3D, de 1988 que temos no acervo. Se na sua origem o efeito tridimensional procurava reverter uma situação de quase estagnação das salas de exibição causada pelo crescimento da televisão, hoje o grande vilão do cinema é o computador. Resta saber se a estratégia vai dar certo mais uma vez. A contar das inúmeras tecnologias 3D desenvolvidas atualmente, tanto o cinema, como a televisão terão vida longa, e não precisa ser vidente para saber que logo a tecnologia 3D estará presente de forma mais cotidiana até no próprio computador, como já acontece com os jogos de videogames.