sexta-feira, 5 de julho de 2013

História em quadrinhos 3D

História em quadrinhos de 1953.
Raridade recentemente adquirida pelo Garatuja.
Existem certas confusões em relação ao que seja imagem 3D. Basta um passeio pelo google pra encontrar desenhos e pinturas classificadas como 3D, que na verdade são aplicações, muito bem feitas, do uso da perspectiva. Só isso. Aquelas pinturas feitas na rua criando a ilusão de buracos e abismos é o melhor exemplo. Se fosse assim qualquer fotografia também seria 3D, uma vez que trazem todos os elementos da ilusão de tridimensionalidade: altura, largura e profundidade. O que define o efeito 3D é aquela sensação de que as coisas "pulam" fora do suporte, que pode ser um papel, uma projeção ou mesmo a tela do computador. Isso recebe o nome de Estereoscopia, nome complicado para designar um fenômeno natural que qualquer pessoa desenvolve ao utilizar os dois olhos para enxergar. O fenômeno se dá em função da pequena distancia existente entre um olho e outro, que o cérebro trata de fundi-la numa única imagem, acrescentando as noções de profundidade, distância, posição, tamanhos dos objetos, velocidade, etc. O que chamamos de Efeito 3D é o meio artificial que utilizamos para simular essa sensação, e para isso existem várias opções. No computador recebe o nome de Realidade Virtual, ou simplesmente RV, e conta com inúmeros softwares com essa finalidade. O efeito 3D foi criado há muito tempo. Em 1849 o cientista David Brewster, aproveitando a onda da fotografia, desenvolveu sua máquina fotográfica estereoscópica, que tinha duas lentes ligeiramente separadas, registrando duas imagens simultâneas. Depois de reveladas era só utilizar um aparelho chamado binóculo estereoscópico e as duas fotos voltavam a formar uma única imagem estereoscópica. Esse brinquedinho foi muito popular entre a burguesia da época.

Máquina fotográfica e binóculos estereoscópicos.


Certo tempo depois inventaram o Sistema Anáglifo, com o famoso óculos vermelho e azul (ou verde). Foi Frenchman Joseph D’Almeida, que em 1850, produziu a primeira imagem anáglifa. Ela tem o mesmo principio da anterior, só que as duas imagens são "fundidas" numa único lugar. É como se houvesse um erro de registro na hora da impressão, daí a aparência de "borrão". A diferença é que cada imagem recebe uma cor diferente: azul e vermelho. Os óculos anáglifo funcionam como um filtro: só a cor vermelha passa pela lente vermelha entrando no olho esquerdo. A lente azul bloqueia a imagem vermelha e deixa passar o azul diretamente no olho direito. Cabe ao cérebro "fundi-la" numa única imagem gerando a sensação estereoscópica. Depois disso outros processos foram desenvolvidos como Estéreo Polarizado e a Estéreo Eletrônico, mas o que interessa agora é o sistema anáglifo.

Oficinas de História em quadrinhos 3D realizadas em 2012 pelo Ponto de Cultura.




























Foi assim que as crianças da oficina de quadrinhos fizeram seus trabalhos. Foram inúmeras historinhas produzidas com essa técnica e mostra de forma bastante clara nossa didática em relação ao ensino da arte para crianças. Toda produção inicial seguiu os caminhos tradicionais da confecção de uma história em quadrinhos: desenvolvimento de roteiro, de personagem, model sheet, pesquisa de ambientação, etc. A arte final foi produzida com papel, lápis, borracha, régua e nanquim, utilizando pincéis e bico de pena. Só depois é que esse material foi digitalizado e as crianças passaram a utilizar o computador no tratamento da imagem. A fusão dos antigos métodos do fazer artístico com os modernos processos digitais é a principal marca e o diferencial de nosso trabalho. Os elementos históricos também estão presentes, e complementam a formação da criança. A seguir duas historinhas produzidas em 3D. Uma da Lia Tricoli e outra do Vinicius. Para ver o efeito é necessário óculos bicolor. No Garatuja foi a própria criança que construiu o seu. Para saber mais click aqui.