Em 1951 cinco jovens desenhistas conseguiram reunir a arte-final original dos melhores artistas de quadrinhos que havia na época e organizaram em São Paulo uma exposição que ficou pra história. Tinha Alex Raymond, Milton Caniff, Al Capp e Will Eisner, entre outros. Essa mostra, com caráter didático, se chamou Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos. Provavelmente eles não tinham, naquele momento, noção da importância do que estavam realizando. Essa foi a primeira exposição de quadrinhos realizado no mundo - até então a linguagem era desconsiderada como arte - e ficou conhecida e reconhecida mundialmente por isso. São eles Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado. Para comemorar os 61 anos do evento e também para homenagear alguns dos mais importantes desenhistas de quadrinhos no Brasil foi realizada a exposição Quadrinhos'51, no Museu Belas Artes de São Paulo - MUBA, com a curadoria de Francisco Ucha. Eu pretendia levar os garotos do curso de quadrinhos do Garatuja para vê-la, mas infelizmente não foi possível. Ainda bem que eu consegui visitar, já nos últimos dias do evento. Sempre gostei de desenhar e sou do tempo em que não havia os recursos digitais para facilitar o processo. Talvez por isso me senti tão comovido em ver os originais de artistas que sempre tive como modelo, mas que só conhecia através das páginas dos gibis. Nessa exposição ficou claro a genialidade de Julio Shimamoto, Eugênio Colonnese, Rodolfo Zalla, Jayme Cortez e mesmo Álvaro de Moya, que embora não tenha uma produção extensa - como desenhista - expôs até desenhos realizados quando criança, onde já revelava claramente seu talento para os quadrinhos. Diferente do resultado asséptico gerado pela impressão digital, nos originais expostos, dava pra sentir o esforço de cada gesto aplicado ao desenho: a virtuosidade no bico de pena, a precisão nos pincéis, o domínio da cor, a exatidão na aplicação da retícula e a dificuldade em realizar o paste-up, com suas infalíveis correções com branquinho (quem é desse tempo sabe do que estou falando). São originais feitos por quem realmente sabia desenhar, feitos a unha, sem tapeação...por isso esses artistas são considerados mestres. Além dos originais, a exposição contou com gibis antigos e representativos de cada artista, e peças raras de colecionadores como as publicações O Tico-Tico, O Globo Juvenil, Biriba, etc, Teve ainda uma homenagem ao quadrinho italiano, na figura do editor Sergio Bonelli e o clássico Tex Willer, além de vários desenhos originais feitos por artistas consagrados com dedicatórias ao Álvaro de Moya. Um desses trabalhos me chamou a atenção. Trata-se de El Corazón Delator, do desenhista uruguaio, radicado argentino Alberto Breccia. História em quadrinhos adaptada de um conto de Edgar Allan Poe e finalizada em serigrafia. É um clássico. Senti grande prazer em ver esse trabalho de perto pela beleza plástica e total domínio do preto e branco...muito bom! Abaixo uma pequena mostra.